Lispector

Bom, se você acredita em reencarnação, não irá discordar de mim: temos aqui um Machado de Assis que usa saias.















A famosíssima malabarista de palavras Clarice Lispector é citada todos os dia por milhares de bocas brasileiras, cultas ou não. Nascida na Ucrânia, chegou no Brasil quando tinha dois meses de idade. Em dezembro de 1943, publicou seu primeiro romance, Perto do coração Selvagem. Escrito quando tinha 19 anos, o livro apresenta Joana como protagonista, a qual narra sua história em dois planos: a infância e o início da vida adulta. A literatura brasileira era nesta altura dominada por uma tendência essencialmente regionalista, com personagens contando as dificuldades da realidade social do país na época. Clarice Lispector surpreendeu a crítica com seu romance, seja pela problemática de caráter existencialista, completamente inovadora, seja pelo estilo solto, elíptico e fragmentário. Este estilo de escrita se tornou marca característica da autora, como pode ser observado em seus trabalhos subsequentes. Começou a escrever logo que aprendeu a ler, na cidade do Recife, onde passou parte da infância. Falava vários idiomas, entre eles o francês e o inglês. Cresceu ouvindo no âmbito domiciliar o idioma materno, o iídiche. Foi hospitalizada pouco tempo depois da publicação do romance A Hora da Estrela com câncer inoperável no ovário diagnóstico desconhecido por ela. Faleceu no dia 9 de dezembro de 1977, um dia antes de seu 57° aniversário. Mas uma coisa que pouca gente sabe sobre a escritora é que ela tinha uma irmã que exercia a mesma profissão. "Ela é a verdadeira escritora da família", dizia Clarice sobre Elisa.


Elisa Lispector estreou na literatura em 1945 com o romance Além da fronteira. Em 1948 publicou No exílio, o mais autobiográfico de seus livros. Em 1963 recebeu os prêmios José Lins do Rego e Coelho Neto - este oferecido pela Academia Brasileira de Letras - pelo romance Muro de pedras.Publicou também os romances Ronda solitária (1954), A última porta (1975) e Corpo-a-corpo (1983), além dos contos Sangue no sol (1970), O inventário (1977) e O tigre de bengala (1985) - premiado com o Pen Clube. Faleceu em 6 de janeiro de 1989 no Rio de Janeiro, onde fixara residência. A família Lispector sofreu a perseguição aos judeus, durante a Guerra Civil Russa de 1918-1921. Por isso veio morar no Brasil, para a nossa sorte, rs.

No começo do post, associei Clarice a Machado, comparação feita por um amigo e com a qual muito concordei. Afinal, é mais do que notório que ninguém chegou onde eles chegaram em termos de mergulhos na alma humana. Para quem quiser ler algo da autora, não é difícil encontrar na net. Mas deixei aqui os seus dois principais livros:


Perto do coração Selvagem

A hora de estrela





(Post dedicado à Rebeka Vital, tão fã quanto eu dessas grandes autoras)

No próximo post: Charlie Bukowski