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Os Sant'anna




Sexta-feira à noite
Os homens acariciam o clitóris das esposas
Com dedos molhados de saliva.
O mesmo gesto com que todos os dias
Contam dinheiro, papéis, documentos
E folheiam nas revistas
A vida dos seus ídolos.

Sexta-feira à noite
Os homens penetram suas esposas
Com tédio e pénis.
O mesmo tédio com que todos os dias
Enfiam o carro na garagem
O dedo no nariz
E metem a mão no bolso
Para coçar o saco.

Sexta-feira à noite
Os homens ressonam de borco
Enquanto as mulheres no escuro
Encaram seu destino
E sonham com o príncipe encantado.


Marina Colasanti (Asmara (Etiópia), 1937) chegou ao Brasil em 1948, e sua família se radicou no Rio de Janeiro. Entre 1952 e 1956 estudou pintura com Catarina Baratelle; em 1958 já participava de vários salões de artes plásticas, como o III Salão de Arte Moderna. Nos anos seguintes, atuou como colaboradora de periódicos, apresentadora de televisão e roteirista. Em 1968, foi lançado seu primeiro livro, Eu Sozinha; de lá para cá, publicaria mais de 30 obras, entre literatura infantil e adulta. Seu primeiro livro de poesia, Cada Bicho seu Capricho, saiu em 1992. Em 1994 ganhou o Prêmio Jabuti de Poesia, por Rota de Colisão (1993), e o Prêmio Jabuti Infantil ou Juvenil, por Ana Z Aonde Vai Você?. Suas crônicas estão reunidas em vários livros, dentre os quais Eu Sei, mas não Devia (1992). Nelas, a autora reflete, a partir de fatos cotidianos, sobre a situação feminina, o amor, a arte, os problemas sociais brasileiros, sempre com aguçada sensibilidade.

- Sua obra foi tema de várias teses universitárias.

- Casada com o poeta Affonso Romano de Sant’Anna , tem duas filhas.



“Quando me perguntam o que escrevo, e digo que escrevo contos de fadas, você precisa ver a cara de desapontamento que as pessoas costumam fazer. Os contos de fadas não são só para crianças. Eles também podem ser lidos por crianças, mas são para todo mundo.” Marina Colasanti! Há tanta coisa a falar. É que.. não adianta. Eu, Deborah Gomes, poderia passar horas tentanto explicar e detalhar o mundo no qual entramos quando topamos o desafio de mergulhar em suas obras. Mas o mundo seria meu. Seria a minha versão a minha interpretação. Você precisa conhecer e tirar as suas proprias conclusões. A Colasanti é tipo uma droga: os efeitos são conhecidos, mas cada um tem a sua nóia. AUSHUSH, lol

então... leia:
Entrevista
Tudo sobre Marina C. Sant'anna
O leopardo é um animal delicado


Próximo episódio: Seu querido marido, querido por mim e por ela, Affonso Romanno de Sant'anna e depois eu prometo esquecer os escritores por uns dias :* (pelo menos aqui no blog)
Espero que gostem do livro. Bjs

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